terça-feira, 13 de novembro de 2012

DÁ O PLAY: Christina Aguilera - Lotus



                Depois de uma temporada cheia de erros tanto na vida profissional quanto na pessoal, eis que Christina Aguilera, depois de muita publicidade conseguida através do The Voice, lança um novo álbum de inéditas. A proposta de Lotus é um renascimento da cantora, uma rejuvenescida necessária para que Christina conseguisse manter o posto como uma das maiores popstars da indústria e não só como uma jurada de reality show.
                Mas nem só de tristezas é feito o álbum. Apesar das já clássicas baladas, há músicas divertidas, despreocupadas, dançantes e ultrajantes de uma maneira boa. O conceito de “flor inquebrável” me parece um pouco forçado e tosco, mas a gente releva, até porque é difícil ver um álbum inteiro que seja consistente do início ao fim e gire em torno de um único conceito.
                É perceptível como Christina teve a preocupação de “se encaixar nos padrões” com esse álbum, baseado em todas as questões de produção, não só das músicas como das imagens. Ela finalmente se rendeu ao poder de Max Martin, convidou Melina Matsoukas para dirigir seu primeiro videoclipe, pintou o cabelo com mechas coloridas (sério, por que todas as cantoras pop resolveram fazer isso do nada?) e, naturalmente, convidou seus parceiros de The Voice para cantarem com ela (bem melhor que Nicki Minaj, né). E, sem querer especular muito, mas eu até senti uma vibe meio “Loud” com o encarte do CD e aquele rosa todo.
                Comparações e adaptações de lado, Lotus é um dos melhores, maiores e mais aguardados lançamentos de 2012. Se não conseguir um #1 com singles, pelo menos com o álbum Christina consegue, o que já é um avanço do último álbum pra cá. Aos poucos, ela consegue se reestabelecer no pódio ao qual pertence, basta se mexer um pouquinho mais e divulgar o trabalho. Uma turnê seria perfeita pra isso, principalmente se passasse pelo Brasil, hein?
                Review das músicas separadas aqui embaixo, com as preferidas marcadas:

              

Lotus: uma intro calma, exponencial, como se algo realmente fosse surgindo com a música. “This is the beggining” do álbum e de uma nova era de esperanças pra Christina.  Com um "I leave the past behind", ela esquece os flops do passado e os problemas pessoais para começar uma nova era.

*Army Of Me: a Fighter 2.0 da nova fase de Christina. Com uma batida forte e muita autoconfiança, dá até pra imaginar ela marchando enquanto canta essa música que, ao contrário de Cease Fire, é repleta de amargura e raiva. Aqui os gritos são benvindos e, quando ela resolve diminuir o tom no final e dar um toque mais sensível aos versos - a voz falhando em "now that I'm stronger, now that I'm wiser, now that I'm a fighter" -, a música se torna perfeita. Seria um single perfeito, considerando que hinos de superação como esse fazem sucesso desde sempre.

*Red Hot Kinda Love: divertida, dançante e safadinha sem forçar a barra. Xtina vai declarando seu amor e seus ~~desejos~~  acompanhada de sintetizadores, gemidos e uns barulhos que parecem buzinas de carros. Outra coisa boa são os la-lalala-lalala do refrão, que são viciantes e grudentos, assim como o “I like it, like it” (S&M much?) do final.

*Make The World Move (Feat. Cee Lo Green): a música tem completamente a cara do Cee Lo, muito mais do que da Chistina, apesar de a participação dele ser mínima. Cheia de mensagens otimistas (“turn up the love, turn down the hate” é repetido várias vezes) e um ritmo dançante, agitado e com uns toquinhos futuristas, a música daria um single diferente do que toca nas rádios hoje em dia e parece que vai ser o próximo mesmo. A estrofe de "just think about it, anybody could love somebody" é um dos pontos altos também. Outra coisa boa a respeito da música: já tem performance feita no The Voice! Player aqui embaixo:



*Your Body: todo mundo já ouviu e já tirou suas conclusões, mas acho engraçado ressaltar que essa foi a primeira vez que Christina trabalhou com Max Martin e, desculpas esfarrapadas de lado, é óbvio que ela escolheu o produtor escocês por ele colocar em #1 praticamente todas as músicas que compõe. A única coisa que me preocupava era o vídeo que ela faria pra música (o único defeito de Not Myself Tonight), mas, com a direção da Melina, saiu um vídeo colorido, divertido e sem nenhum defeito apontável ou preocupante. Se não fosse a preguiça de Christina em promover a música na TV e em qualquer outro lugar, ela teria conseguido o #1 que sumiu há tanto tempo de sua carreira.

*Let There Be Love: eu diria que, se Your Body não conseguiu chegar a #1, essa daqui é a última chance da Christina com uma música dance. Se, ainda assim não conseguir, só resta esperança nas baladas mesmo. Também feita por Shellback e Max Martin, com ajuda de Bonnie McKee na composição, a música é tão comercial que chega a parecer com alguma coisa feita por David Guetta, só que sem autotune, o que é perfeito, já que a última coisa que Christina precisava era anular sua voz com efeitos para parecer com todos os outros robôs da rádio. Uma bridge e um refrão grudentos, fáceis, com muito sintetizador e uma explosão de vocais que fazem qualquer um balançar o pezinho (no mínimo), Let There Be Love tem potencial pra ser o próximo hino gay pras pistas de dança.

Sing For Me: com o primeiro verso mais grudento do álbum, a única coisa que estraga essa música é a gritaria excessiva da segunda parte em diante. Se o tom mais baixo do início permanecesse até o final, a música seria impecável. Mas, ao mesmo tempo em que os berros incomodam, não faria sentido uma música sobre “se libertar através da música” sem Xtina dando o máximo de si. Mesmo com esses defeitinhos, Sing For Me ainda é boa, mas não uma das melhores do álbum.

*Blank Page: todo mundo já sabia que a parceria Sia e Christina dava certo, inclusive as duas. Uma das ótimas escolhas que a cantora fez na época do Bionic e resolveu manter foi o trabalho em conjunto com a produtora australiana e essa balada não deixa nada a desejar em relação às outras que elas fizeram juntas. Sustentada pelos vocais poderosos (que aqui não soam exagerados) e um piano emocionante, a música tem tudo pra render uma performance comovente. É interessante também ver como Blank Page seria um pedido de desculpas para You Lost Me, mas isso vai da interpretação de cada um (até alguém confirmar isso, pelo menos).

Cease Fire: bandeira branca levantada, a música é emocionante e bem produzida - depois desse CD, acho que Christina, Alex Da Kid e Sia deviam fazer um casamento triplo para o bem da carreira dela. Com uma voz que transmite perfeitamente o que ela está cantando, o único problema é a alternação entre a fragilidade do refrão e a agressividade das outras partes, que deixou tudo um pouco confuso. Questão de interpretação ou não, parece que a lutadora de Army Of Me não quer mais brigar e só quer “cessar fogo”.

Around The World: animada e perfeita pra dança, com letras mais assanhadas e uma batida que, ao mesmo tempo em que parece genérica, é nova para Christina e orbita ao redor da sua potência vocal. Duas coisas para prestar atenção aqui: Christina citando Brasil - sim, é algo ínfimo e ela cita vários outros lugares, mas já teve fã surtando por conta disso - e a volta dos versos 'Voulez-vous coucher avec moi ce soir'' de Lady Mermalade. Com uma vibe mais urbana do que dance, é boa, mas não se compara a Let There Be Love no quesito “hit para pista de dança”.

*Circles: pra descrever em uma palavra: épica. Não daria uma ótima performance, nem um single rentável, mas a letra ousada é perfeita com o ritmo divertido e despreocupado da música. Cheia de palavrões, é quase um funk da MC Beyonce direcionado aos haters. Com a entonação sexy e atrevida de “spin, spin, spin around”, o "motherfucker" final  – que chega a lembrar de Vanity, do Bionic -, os gritinhos e todas as gargalhadas, essa é uma das preferidas e uma das faixas-bônus que fazem valer a pena a compra de uma versão deluxe.

Best Of Me: uma balada que começa frágil e no fundo do poço e dá a volta por cima enquanto a música vai se desenvolvendo. Aqui também há um exagero nos vocais que quase arruinaram a música, mas não é nada comparado a Sing For Me, então a música salva. Em quesito de relacionamentos, essa pode ser definida como a faixa que consegue capturar melhor a vibe toda do Lotus e essa coisa de rebirth blablabla. De qualquer maneira, não chega a ser uma das que mais chama a atenção no CD.

*Just A Fool (Feat. Blake Shelton): ainda não decidi se é melhor que Make The World Move, mas não é fácil escolher entre uma balada country forte como essa e uma música feita pra “animar”; ainda assim, é incrível como a voz de Christina "casa" muito bem com a de todos os jurados do The Voice. Apesar de Blake não conseguir chegar ao mesmo nível, ele também não deixa a desejar. Quando as vozes dos dois se juntam e se alteram em seguida, é impossível não sentir o que os dois estão cantando. Assim como Kelly Clarkson, Xtina é uma cantora pop que se sairia bem numa carreia country - privilégio de quem canta bem.

*Light Up The Sky: uma palavra: hino. Vocais usados na medida certa, produção excelente e letra comovente. Uma das músicas de amor mais bonitas que eu já ouvi, não só da Christina como de outros artistas.

Empty Words: mais uma balada de superação, mas não necessariamente sobre relacionamentos. Chega a me lembrar de Best Of Me, só que um pouco mais fraca.

Shut Up: no mesmo clima de Circles, Shut Up é divertida e com um tom de black music. Dá até pra imaginar uma performance com um coro no fundo, uns dançarinos em volta da Christina e ela fazendo caras e bocas enquanto canta. Mais uma pra coleção das que saíram da manga do Alex Da Kid e que são ótimas, além de perfeita para terminar o álbum.

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