Pink não estava brincando quando
disse que tentaria cobrir todas as formas de amor nesse disco. Apesar de haver
pouquíssimas inovações quanto ao som da cantora, The Truth About Love serve para
reunir as melhores qualidades de Pink em matéria de composição, melodia e
produção, pra trazer um som que, apesar de parecer com algo já feito por ela, é
ao mesmo tempo o ápice do aprimoramento e amadurecimento desse trabalho.
Aqui, as músicas dela ainda têm
apelo comercial (o que é um feito surpreendente para alguém que está há tanto
tempo no mercado fonográfico),mas continuam fieis aos ideias que ela vem
defendendo desde o início da carreira, coisas como músicas para os fracos e oprimidos e aqueles
relacionamentos disfuncionais sobre os quais ela sempre escreve.
O disco traz influências de desde
o início da carreira de Pink, como faixas produzidas pelo Butch Walker e
músicas nas quais o único apoio instrumental que ela tem é um violão. Em
compensação, há uma ou duas faixas como Slut
Like You e Walk Of Shame que servem
pra mostrar uma Pink mais dançante e despreocupada, no melhor estilo U + UR Hand.
Apesar de tirar sua inspiração do
mesmo relacionamento com Carey Hart há tempos, é como se os problemas que ela
carregava no Funhouse se resolveram e novos apareceram, mas também novas alegrias
vieram, como a maternidade que rendeu a melhor “música de mãe” que eu já ouvi, Run.
Outra coisa boa sobre o álbum é
que ele vem cheio de b-sides e faixas-bônus, como as ótimas Chaos & Piss e The Good Old Days. Dá uma olhada nas músicas marcadas aqui embaixo e
entra no canal da cantora no Vevo pra ouví-las depois. Se liga:
- Are We All We Are: produzida por Butch Walker e Emile Hayne,
que fez 95% do Born To Die, Pink coloca esse hino meio dark com uma batida
acelerada e cheio de palmas para abrir o álbum e já mandar um recado: “we are the people that you’ll never get the best
of”. Mesmo com o começo meio confuso, Are We All We Are tem a assinatura da
Pink com aquela defesa dos excluídos e a reafirmação da ideia de ~~ser
diferente é ser legal~~. Pense numa Raise
Your Glass mais agressiva e você chega aqui.
- Blow Me: já fiz queridos, vejam neste link.
- Try: escolhida como segundo single, é uma música de
~~recomeço~~. Com um arzinho de balada, mas nada calma, ela começa com um piano
delicado e parte pra gritaria e a letra inspiradora de sempre. Vou te falar que
eu adoro a música e tals, mas não gostei de ter sido escolhida como single,
pelo menos não logo no início, com tantas parcerias boas e tantas músicas mais
diferentes pra ela ter divulgado. Mesmo sendo uma ótima música de “tô na fossa,
mas vou levantar”, há coisa melhor no álbum, incluindo parcerias, que serviriam
melhor como um segundo single pra manter o sucesso do álbum.
- Just Give Me A Reason: parceria com o Nate Russ, vocalista da
fun., é uma balada nova da Pink. Começando também só com um piano de fundo, ela
relembra a relação desde o início, o que me fez lembrar de Mean, do Funhouse, e, assim como em Mean, o refrão serve pra ela
gritar as frustrações. Não sei por que, mas em algum momento eu me lembrei de Mad
World do Gary Jules(?). A voz dos dois cantando ao mesmo tempo se entrelaça perfeitamente,
assim como a letra e a melodia no refrão (ficando na cabeça o resto do dia,
cuidado) e você percebe que lá foi outra parceria que deu certo.
- True Love: sem palavras pra dizer o quanto eu
tava ansioso por essa música. A música é divertida e cheia de palavrões, com
aquela irreverência típica da Lily Allen Rose Cooper e da Pink. Versos
como “I hate you so much I think it must
be true love”, a voz delicada e doce da Lily alternando com a meio rouca da
Pink são alguns dos fatores que tornam essa música irresistível. Sem falar que
os versos são divertidíssimos e verdadeiros ao mesmo tempo. Uma coisa que me
deixou chateado: a parte da Lily é muito pequena.
- How Come You're Not Here: o rockzinho dela chega a pular de
alegria nessa música. Guitarras e a voz
de desprezo da Pink dão o tom à música sobre traição e abandono. Os vocais
poderosos não são novidade, mas eu ainda me surpreendo toda vez que lembro como
ela consegue mudar de uma balada pra uma música revoltada tão facilmente.
- Slut Like You: Ninguém melhor pra gongar do que a Pink,
e só o início da música, com ela se desculpando: I"m not a slut, I just love love, pra soltar uma gargalhada
depois, defende isso que eu acabei de dizer. U + UR Hand 2.0. mais dançante e
mais agitada. Ela não poderia deixar de fora uma música dessas, muito menos com
um refrão como esse, cheio dos you-uuuuuh
e its just like uh-uuuuuh. Até um rap
Pink-style que termina num violão aparece aqui. Max Martin sabe fazer música
genérica sim, mas quando ele quer e quando o vocalista ajuda, sai uma
obra-prima dessas. Em matéria de composição ~~atrevida~~ não há como errar com
Shellback e Martin.
- The Truth About Love: como
nos CD's anteriores, a música-título do álbum é ótima. Aqui é uma faixa alegre
e divertida, com corais no fundo e Pink falando os pontos altos e baixos do
amor. Palminhas e ela dizendo que você acorda “fucked up at 3 am” é um dos casos que ela dá como exemplo como a
verdade sobre o ~~sentimento~~. É música pra cantar com uma cerveja na mão, o
olho fechando, batendo palminha e gritando junto.
-Beam Me Up: um violão e a voz mais doce da sua carreira,
lembrando Crystal Ball ou Glitter In The Air, quebrando em momento
de extrema vulnerabilidade. Em versos como “I’d
probably just stare, happy just to be there holding your face”, a voz da cantora “falha” de uma forma tão
bonita, soando tão verdadeiramente emocionada, que é quase impossível não
sentir a mesma coisa.
- Walk Of Shame: quem nunca? Guitarra
com uma letra envergonhada e despreocupada ao mesmo tempo, uns assovios aqui e
acolá, e mais versos no nível de “Guess
this means that I’m a whore” fazem dessa a música mais divertida do álbum
inteiro depois de Slut Like You. Dá
até pra imaginar e se relacionar com a Pink cantando esse tipo de coisa
- Here Comes The Weekend:
a Pink-party-girl também não ficou de fora, e essa parceria com o Eminem remete
a Get The Party Started ou até a mais
recente Bad Influence, mas um pouco
melhor e menos explosiva. Com muitos gritos e uma bateria, Pink anuncia a
chegada do fim-de-semana e o caos eminente. Sei que Won’t Back Down é boa, mas essa parceria dos dois é bem melhor.
- Where Did The Beat Go: uma música
intense sobre traição, mas quando é você quem trai. Com um bateria eletrônica
forte e os ecos da voz de Pink se perguntando o que aconteceu com o sentimento
do casal e como tudo se deteriorou assim, essa música me lembrou muito uma
resposta a Its All Your Fault, só que
menos triste e mais agressiva.
- The Great Escape: pra fechar o álbum (pelo menos a versão
standard), uma balada vulnerável, também com um piano de fundo e uma voz que
parece beirar o choro. Continuo achando incrível como ela consegue transitar
entre aquelas guitarras pesadinhas, sintetizadores e baterias, pra depois
aparecer com uma música toda apoiada no vocal e basicamente só com um piano de
fundo. Alguns artistas lançam esse tipo de música sem se preocupar com o apelo
comercial da faixa, como Kelly Clarskon no All
I Ever Wanted, como numa música que é parecidíssima com The Great Escape, If No One Will Listen.
Galere, não deixem de ouvir as faixas-bônus também porque são ótimas. E não deixem de comentar também o que acharam do CD. :D