A
primeira impressão que eu tive ao ver New Normal foi a de assistir a um spinoff
de dois personagens de Glee, Kurt e Blaine, vivendo numa idade adulta. Depois
eu me lembrei de Modern Family e imaginei o casal principal como uma versão
mais atraente do Cam e do Mitchel. Então eu reparei como a maioria dos casais
homossexuais são estereotipados na TV e fiquei meio decepcionado. Mas essa
decepção passou antes de o episódio terminar.
The New
Normal conta a história de um casal de gays, David (Justin Bartha) e Bryan (Andrew
Rannels, o ex namorado recém-assumido de Hanna na também ótima Girls) que decidem ter um filho e para
isso precisam de uma barriga de aluguel que esteja disposta a carregar a
criança (a “mãe” do menino é uma mulher parecida com a Gwyneth Paltrow, só que
interpretada por ela mesmo numa cameo rapidinha pra série). É aí que entra Goldie
(Georgia King). Goldie é uma jovem de 20 e poucos anos que teve uma filha aos
15 e é parcialmente sustentada pela avó, Nana. Só quando flagra o seu marido na cama com
outra que Goldie resolve dar uma reviravolta na sua vida e recomeçar tudo, só
que pra isso ela precisa de dinheiro e então resolve ser a barriga de aluguel
de um casal gay (quem será???).
Apesar
de Goldie e o casal terem se dado bem logo de cara, Nana não aprova a situação
toda e é aqui que eu explico a ~~magia~~ de Nana. Nana From Hell (vivida por Ellen
Barkin) é como a Sue Silvester de Glee, só que mais preconceituosa. A mulher,
só no primeiro episódio, conseguiu ofender quase todas as minorias do mundo:
adolescentes grávidas, judeus, latinos, asiáticos, negros, deficientes físicos
e, claro, gays (ou “fumadores de salame”, como ela diz). Tá, você deve estar
pensando “Cadê a parte que ela é legal?”,
mas acontece que se você gostar de personagens bonzinhos de uma forma
convencional, você não vai gostar dela. É claro que se ela fosse só esse
monstro preconceituoso, eu não gostaria dela também, mas Nana não é de todo
ruim, ela só é “dura na queda”. Piadas racistas de lado, é impossível você não
gostar de Nana quando, ao descobrir que a neta foi traída, a primeira coisa que
ela faz é tirar uma pistolinha da bolsa, apontar pro cara e ainda falar que ele
tem maxixes no lugar do saco; ou quando ela diz que confundiu a filha com um
mioma e quando deu por si já estava fudida. Existe até uma piada com fundinho
de amor por gays quando ela declara que sem eles seria impossível o cabelo dela
ser bom como é. Por sinal, as cenas dela com a secretária do Bryan, Rocky
(interpretada pela NeNe Leakes, a arquirrival de Sue Silvester em Glee), são de
te fazer chorar de rir e, com sorte, haverá muitas delas nos próximos
episódios.
Voltando
pra série, esta tem a fórmula mágica do Ryan Murphy que fez de Glee um sucesso
tão grande. Não, por enquanto não tem ninguém cantando no meio da rua ou do
trabalho, apesar de eu não descartar a possibilidade de um episódio especial
assim. Jogando piadas ácidas no meio de momentos que deveriam ser pesados de
carga emocional, as cenas conseguem ficar no meio termo entre o drama e a
comédia escrachada (muita gente não gosta disso, mas eu, particularmente,
adoro; vide Georgia Rule). Há algumas tão boas que eu já considero épicas no
primeiro episódio, como Ryan comprando roupas e desejando ter um bebê como se
uma criança fosse um acessório (“I MUST
have it”); as cenas que mostram a diferença de referencial entre Bryan e
David, como um citar Mariah Carey como exemplo de vida e o outro citar Barack
Obama, ou quando David pede pra conversar no intervalo do jogo de futebol e Bryan
pergunta se é quando a Madonna vai cantar (identificação forte da minha parte);
e ainda tem uma cena que remete ao piloto de Sex And The City, quando os
personagens falavam direto pra câmera, só que em New Normal serve pra mostrar
os diferentes tipo de família e não de problemas sexuais/amorosos.
Enfim,
é isso gente. Não sei se ficou claro, mas a série é boa e vale a pena assistir. Reconheço que não é uma obra prima da televisão, mas é melhor do que muita porcaria por aí. Eu sei que ela tem um apelo maior para o público gay, mas se você não for uma
pessoa que se incomode com isso (o que eu espero que você não seja, se você tá
aqui lendo isso), você também pode gostar. Mesmo que o casal principal seja
dois gays-barbies bem-sucedidos e apaixonados, e a gente saiba que o mundo todo
não é assim, isso não é razão pra não dar uma chance à série. Tô deixando um
“trailer” aqui embaixo pra você se animar um pouquinho com a ideia e não
esquecer que abnormal is the new normal, nas palavras de Bryan.
João, adorei o review. Mas pra mim o melhor são os comentários entre parênteses. Fiquei cheia de vontade de ver! Só um porém, o vídeo do trailer tá fora do ar, como "privado". Beijos!
ResponderExcluirAaaah, brigado Mandy. Tenho que me segurar pra não descer o nível nesses comentários entre parênteses. hahahaha Se quiser, te passo os dois primeiros episódios depois. Já mudei o vídeo por um trailer maior, pode ver ali. ;D
ResponderExcluirbeijos