A primeira coisa que me chamou atenção em Jovens Adultos foi
o pôster: Charlize Theron morta de ressaca, descabelada, com o braço pendurado
pra fora da cama enquanto segurava uma garrafa de uísque. Depois disso, minha
atenção seletiva percebeu que o roteiro era de Diablo Cody e a direção de Jason Reitman (a mesma dupla responsável por Juno). Óbvio que depois disso eu tive que
assistir ao filme.
Em
Jovens Adultos, Charlize Theron interpreta Mavis Gary, uma mulher de 30 e poucos anos
que teve seus anos dourados no ensino médio e hoje tem uma vida de “quase”: é
quase famosa, quase bem-sucedida, quase velha (pelo menos é o que ela acha),
mora em uma cidade quase grande... Num geral, ela vive uma vida ideal para
qualquer adolescente, mas deplorável para uma mulher com a idade dela. E parece
que Mavis só se dá conta disso quando seu antigo namorado do ensino médio lhe
manda um e-mail contando sobre o filho recém-nascido. De novo, podemos ver o
nível de loucura da pessoa: é normal para qualquer pessoa sentir um pinguinho
de sentimento por aquele ex de muito tempo atrás; agora, pegar uma mala e
voltar à sua cidade natal para “salvar” o ex de uma vida infeliz que ele possa
estar tendo com um filho e uma esposa (porque, claro, todas as pessoas casadas
e com filhos devem abominar suas próprias vidas), é um pouquinho demais pra mim
(se você já fez o mesmo, eu também te aconselho a procurar um psiquiatra).
Abstraindo isso tudo, a gente pode até imaginar que ela fez o que fez como uma
maneira distorcida de salvar a própria vida do tédio e do fracasso, mas é mais
fácil chamar a mulher de louca mesmo.
O
roteiro de Jovens Adultos tem tudo o que pode se esperar de Diablo Cody: uma
personagem central com personalidade peculiar, piadas bem escritas e carregadas
de ironia, diálogos fortes e cheios de profundidade emocional, além de cenas
inusitadas que acabam por aproximar o espectador da história. Mas dar todos os
créditos do filme só a Diablo seria injusto (ainda mais que só o roteirista não
consegue salvar um filme, vide Garota Infernal). Charlize Theron transforma
Mavis em uma personagem mais humana do que se esperaria de uma pessoa tão
presunçosa e cheia de si mesma. A atriz sul-africana aparece cheia de carisma e
nos conquista com toda a fragilidade emocional e “beleza trágica” de Mavis Gary (eu
tenho uma queda particular por mulheres bonitas chorando, não sei se vocês
também sentem isso).
Outra
coisa ótima do filme: o personagem de Patton Oswalt, Matt Freehauf. Na pele de um nerd que
sofreu um ataque dos populares na época do colégio e ficou semi-aleijado, Freehauf é como se fosse a consciência de Mavis, rindo das idiotices que a desesperada
comete e tentando colocar um pouco de razão na cabeça dela, numa relação um
pouco masoquista para os dois, que se ofendem na maior parte do tempo. As piadas sobre o pênis dele são previsíveis,
mas não menos engraçadas por isso.
Bem, o filme
termina (cuidado com o SPOILER) com
Mavis de cara no asfalto (falando figurativamente), humilhada de todas as
maneiras possíveis, mas ainda orgulhosa. Ela sabe que é melhor do que a cidade
que está deixando para trás e, num paralelo gritante com a personagem de seus
livros, sai em busca da próxima aventura e disposta a tomar outra surra da
vida. Temos que admitir, apesar da falta de noção da realidade, a determinação
de Mavis chega a ser inspiradora. Assista ao trailer abaixo, veja o filme e
depois me diga o que você achou do filme.
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