quinta-feira, 28 de junho de 2012

CONTROLE REMOTO: The Newsroom, a Mad Men para jornalistas



                Os primeiros 5 minutos de The Newsroom, nova série da HBO, já dá uma prévia de como será todo o resto do episódio (ou da série): três âncoras (jornalistas, obviamente) estão dando uma entrevista, em uma espécie de debate, e respondendo perguntas da plateia; enquanto dois deles discutem fervorosamente, o outro (Will McAvoy, interpretado por Jeff Daniels) dá apenas respostas evasivas e tenta não se comprometer muito, parecendo um pouco idiota perto dos colegas, até que uma adolescente os pede para explicar em uma frase por que os Estados Unidos é o melhor país do mundo. Will, tentando se livrar da pergunta com uma piadinha (ele responde “The New York Jets”), é pressionado pelo entrevistador até dar uma resposta séria. Inspirado por uma mulher misteriosa na plateia (a qual não sabemos se realmente está lá ou se é fruto da imaginação de Will), ele despeja um monte de verdades e desilusões sobre o país, em um discurso que é considerado pelos outros, no mínimo, anti-patriota, afirmando que os Estados Unidos não é o melhor país do mundo.  A reação do público a essa declaração é caótica, e podemos ver então que Will não é nem de perto o retardado que ele parecia no início do debate (ele foi até chamado de “o Jay Leno dos âncoras de jornais – popular por não incomodar ninguém).

Will McAvoy no meio do debate ~~polêmico~~
                E Newsroom é assim, cheio de reviravoltas e cenas que prendem o fôlego do espectador. Ao longo do episódio vamos vendo as consequências desse discurso e conseguimos conhecer Will um pouco mais. Descobrimos que ele é um chefe rude e que não tem o mínimo de consideração pelo resto da equipe, mas também podemos ver que Will é um profissional mais do que competente na sua área, competência que fica mais clara na sequência final do episódio. Seu ponto fraco é Mackenzie McHale, uma jornalista com quem teve um caso e que, por razões até então desconhecidas, feriu o seu ego, mas está de volta para trabalhar com ele na sua nova equipe (a antiga o abandonou para se trabalhar em um novo jornal, com um chefe menos explosivo e ingrato).
Mac e Will
               Mac, por sinal, é a minha personagem favorita até agora, apesar de ser difícil escolher só um, já que quase todos os personagens são engraçados e carismáticos da sua própria maneira. Mac chega na equipe para dar uma repaginada na imagem de Will e do próprio jornal, já que ambos se tornaram “entediantes” até para o dono da empresa, e a reputação do âncora está em um estado crítico depois do discurso anti-América que ele soltou; temos Margareth, a assistente (recém-promovida) atrapalhada no estilo O Diabo Veste Prada, feliz de as pessoas saberem o nome dela corretamente; temos também Don, o namorado escroto de Margareth, que não dá muita atenção pra coitada e, na real, é escroto com uma grande parcela do elenco; daí vem Jim, um dos jornalistas que chegaram agora na empresa com Mac, e que se interessa por Margareth (o romance foi sugerido por Mac, mas no final do episódio temos a impressão que a coisa foi acontecendo por vontade própria) ao mesmo tempo em que começa a ter uma rivalidade com Don; e ainda tem Charlie Skinner, o chefe boa  praça do jornal televisivo que tenta acalmar os nervos de Will em relação a Mackenzie.
o elenco de Newsroom fotografado por Annie Leibovitz
                A série pode ser considerada como uma versão mais bem-humorada de Mad Men, só que baseada no jornalismo e não na publicidade. Assim como a série da AMC, aqui também podemos ver as brigas de egos entre profissionais da comunicação, as dificuldades de subir na carreira, os diálogos inteligentes, as piadas de humor negro (nem a crise econômica ficou de fora) e as piadas referentes à profissão (“é melhor eu cobrir furacões”). E, ainda no quesito “similaridades com Mad Men”, há a visão mais realista e menos patriota da nação americana, além de um embate entre Mac e Will, este totalmente descrente na sociedade em que vive e a outra com uma visão quase romântica do país; o desenrolar desse conflito pode vir a ser algo interessante: será que Will volta a acreditar no país em que vive, ou será que alguma merda vai acontecer e os dois se transformarão naquelas pessoas amarguradas e desgostosas com a vida? Só nos resta assistir.
Aaron Sorkin no cenário de The Newsroom, fotografado por Annie Leibovitz
               Como se tudo isso acima não fosse suficiente, ainda tem a cereja do bolo: a série é escrita por Aaron Sorkin (o mesmo de A Rede Social), o que, junto com a direção, consegue dar o tom certo entre drama e humor, sem descaracterizar ou diminuir um dos dois. E isso é tudo (ou quase); acho que consegui resumir, de uma forma nem tão concisa assim, o porquê de eu me apaixonar de cara pela série. Se você não gostou, gostou, ou quer saber de mais alguma coisa, comenta aí embaixo.  

2 comentários:

  1. Bom texto João! Despertou minha curiosidade, porém vou terminar Mad Men primeiro!
    Marlon.

    ResponderExcluir
  2. brigado, Marley. :)
    eu parei na segunda de Mad Men por simples falta de tempo, mas tô pensando em voltar por causa de um spoiler que eu li da quinta temporada D:

    ResponderExcluir