Os
primeiros 5 minutos de The Newsroom, nova série da HBO, já dá uma prévia de
como será todo o resto do episódio (ou da série): três âncoras (jornalistas,
obviamente) estão dando uma entrevista, em uma espécie de debate, e respondendo
perguntas da plateia; enquanto dois deles discutem fervorosamente, o outro
(Will McAvoy, interpretado por Jeff Daniels) dá apenas respostas evasivas e tenta não se comprometer muito,
parecendo um pouco idiota perto dos colegas, até que uma adolescente os pede
para explicar em uma frase por que os Estados Unidos é o melhor país do mundo. Will,
tentando se livrar da pergunta com uma piadinha (ele responde “The New York
Jets”), é pressionado pelo entrevistador até dar uma resposta séria. Inspirado
por uma mulher misteriosa na plateia (a qual não sabemos se realmente está lá
ou se é fruto da imaginação de Will), ele despeja um monte de verdades e
desilusões sobre o país, em um discurso que é considerado pelos outros, no
mínimo, anti-patriota, afirmando que os Estados Unidos não é o melhor país do
mundo. A reação do público a essa
declaração é caótica, e podemos ver então que Will não é nem de perto o
retardado que ele parecia no início do debate (ele foi até chamado de “o Jay
Leno dos âncoras de jornais – popular por não incomodar ninguém).
Will McAvoy no meio do debate ~~polêmico~~ |
E
Newsroom é assim, cheio de reviravoltas e cenas que prendem o fôlego do
espectador. Ao longo do episódio vamos vendo as consequências desse discurso e
conseguimos conhecer Will um pouco mais. Descobrimos que ele é um chefe rude e
que não tem o mínimo de consideração pelo resto da equipe, mas também podemos
ver que Will é um profissional mais do que competente na sua área, competência
que fica mais clara na sequência final do episódio. Seu ponto fraco é Mackenzie
McHale, uma jornalista com quem teve um caso e que, por razões até então
desconhecidas, feriu o seu ego, mas está de volta para trabalhar com ele na sua
nova equipe (a antiga o abandonou para se trabalhar em um novo jornal, com um
chefe menos explosivo e ingrato).
Mac e Will |
Mac,
por sinal, é a minha personagem favorita até agora, apesar de ser difícil
escolher só um, já que quase todos os personagens são engraçados e carismáticos
da sua própria maneira. Mac chega na equipe para dar uma repaginada na imagem
de Will e do próprio jornal, já que ambos se tornaram “entediantes” até para o
dono da empresa, e a reputação do âncora está em um estado crítico depois do
discurso anti-América que ele soltou; temos Margareth, a assistente
(recém-promovida) atrapalhada no estilo O Diabo Veste Prada, feliz de as
pessoas saberem o nome dela corretamente; temos também Don, o namorado escroto
de Margareth, que não dá muita atenção pra coitada e, na real, é escroto com uma
grande parcela do elenco; daí vem Jim, um dos jornalistas que chegaram agora na
empresa com Mac, e que se interessa por Margareth (o romance foi sugerido por
Mac, mas no final do episódio temos a impressão que a coisa foi acontecendo por
vontade própria) ao mesmo tempo em que começa a ter uma rivalidade com Don; e
ainda tem Charlie Skinner, o chefe boa
praça do jornal televisivo que tenta acalmar os nervos de Will em
relação a Mackenzie.
o elenco de Newsroom fotografado por Annie Leibovitz |
A série
pode ser considerada como uma versão mais bem-humorada de Mad Men, só que
baseada no jornalismo e não na publicidade. Assim como a série da AMC, aqui
também podemos ver as brigas de egos entre profissionais da comunicação, as
dificuldades de subir na carreira, os diálogos inteligentes, as piadas de humor
negro (nem a crise econômica ficou de fora) e as piadas referentes à profissão
(“é melhor eu cobrir furacões”). E, ainda no quesito “similaridades com Mad Men”,
há a visão mais realista e menos patriota da nação americana, além de um embate
entre Mac e Will, este totalmente descrente na sociedade em que vive e a outra
com uma visão quase romântica do país; o desenrolar desse conflito pode vir a
ser algo interessante: será que Will volta a acreditar no país em que vive, ou
será que alguma merda vai acontecer e os dois se transformarão naquelas pessoas
amarguradas e desgostosas com a vida? Só nos resta assistir.
Aaron Sorkin no cenário de The Newsroom, fotografado por Annie Leibovitz |
Como se
tudo isso acima não fosse suficiente, ainda tem a cereja do bolo: a série é
escrita por Aaron Sorkin (o mesmo de A Rede Social), o que, junto com a
direção, consegue dar o tom certo entre drama e humor, sem descaracterizar ou
diminuir um dos dois. E isso é tudo (ou quase); acho que consegui resumir, de
uma forma nem tão concisa assim, o porquê de eu me apaixonar de cara pela
série. Se você não gostou, gostou, ou quer saber de mais alguma coisa, comenta
aí embaixo.
Bom texto João! Despertou minha curiosidade, porém vou terminar Mad Men primeiro!
ResponderExcluirMarlon.
brigado, Marley. :)
ResponderExcluireu parei na segunda de Mad Men por simples falta de tempo, mas tô pensando em voltar por causa de um spoiler que eu li da quinta temporada D: