segunda-feira, 27 de agosto de 2012

DÁ O PLAY: The XX - Coexist




                Depois de um hiato de três anos e um sucesso que repercutiu mundialmente, era de se esperar que o The XX voltasse com um álbum mais superproduzido e com a intenção de elevar ainda mais o nome da banda, mas o que acontece é exatamente o contrário.

                Não que Coexist não mostre um amadurecimento da banda nesse meio-tempo, mas na área instrumental do CD pode-se dizer que ele soa mais “cru” do que o primeiro, com poucas faixas que mostrem algo de diferente entre as demais. O ponto forte do álbum são as letras, mais diretas e pessoais do que a do primeiro álbum e com um tom melancólico. Nesse segundo álbum, é como se eles cantassem todas as frustrações e arrependimentos na relação, com aquela voz suave que os dois vocalistas tem e um ritmo que acompanha o tom de lamúria dos versos.
                Se você espera por músicas apaixonadas e mais alegres, pode esquecer, porque nesse álbum não tem nenhuma Islands ou VCR; até quando eles cantam sobre os lados bons do relacionamento e o amor que sentem pelo outro, o tom é de tristeza e o ritmo é arrastado, exemplo disso é Our Song e Swept Away.


                É um disco no estilo clássico (se é que já podemos dizer que há um estilo clássico com tão pouco 
tempo de carreira) do The XX: você já sabe exatamente como as músicas vão ser e o que vai sentir quando ouvir, então nem adianta colocar o CD pra tocar na esperança de se animar, porque ou você tá no clima, ou você não gosta das músicas. Uma coisa que me chamou a atenção é que agora eles estão se arriscando mais nos vocais, mesmo que em pequena escala. Em algumas faixas eles arriscam até uns semi-gritos no lugar da voz “suspirada” de sempre, e em Tied  chegam a começar a música só com a voz e nenhum instrumento no fundo.
                Como não dá pra fazer uma review de música por música “tradicional”, abaixo eu tentei explicar o que cada uma significa e, as que têm, o diferencial do resto. Como de costume, as preferidas/mais diferentes tão sublinhadas.

- Angels: a música que abre o CD já começa com o clima etéreo que vai marcar a maioria das faixas. Apenas com os vocais de Romy, a música é como uma grande declaração de amor onde ela mostra a sua dependência do outro e como se sente “maravilhada” por ele. (Super recomendo o vídeo do final do post pra vocês entenderem o clima de amorzinho da música)

- Chained: considero essa como a “alma” do CD, que é quase um resumo das outras. Aqui eles se perguntam o que há de errado ao mesmo tempo em que não se sentem prontos pra abandonar o outro. Sentindo raiva ao mesmo tempo em que sentem saudade da época boa do relacionamento, a frase “we used to be closer than this” fica se repetindo na voz dos dois e eu só desejo boa sorte pra você conseguir tirar isso da cabeça depois.

- Fiction: não achei muito marcante no álbum, já que tem outras que falam da mesma coisa, mas com um ritmo/letra mais impactante. (?) É mais uma onde eles admitem o amor que sentem, mas sabem que os aspectos disfuncionais vão aparecer mais cedo ou mais tarde.

- Try: top top das preferidas. Ela começa com um toquezinho de um instrumento que eu não identifiquei, mas que tem uma pegada emocional forte. Acrescentando os vocais imperfeitos e vulneráveis de Oliver (mas não ruins por isso), a música é arriscada e é praticamente uma redenção dos dois à medida que eles declaram que não conseguem resistir ao outro, por mais que tentem.

- Reunion: musiquinha da saudade, coisa mais fofa desse mundo. A voz dos dois em uníssono é lindo de uma maneira triste e melancólica (impossível não usar muito essa palavra, porque define grande parte do CD), porque apesar de admitirem (over and over and over again) que só se sentem bem quando estão perto do outro, eles não têm certeza de nada. E, quando você acha que a música não poderia melhorar, o ritmo muda e começa uma batida mais frenética (ou tão frenética quanto the XX pode ser) acompanhada por um “Did I see you see me in a new light?” que vai até o final, como se eles estivessem conversando em forma de música. Aqui também há vocais imperfeitos, mas longe de ser algo que incomoda, dá um tom maior de sinceridade à música.

- Sunset: é uma das minhas preferidas também. A letra fala sobre um possível reencontro com um ex, mas um tipo de ex do qual eles ainda gostam. O ritmo e os versos se casam de uma maneira perfeita, acompanhando a alegria de rever o outro e depois a ~~depressão~~ de saber que nunca dará certo.

- Missing: a música já começa com um “My heart is beating in a diferente way” que é seguido por uma batida de coração no fundo e a voz velada do Oliver. É uma das mais depressivas do álbum, é cheia de gritos e gemidos de dor (não dor física, pfvr) no final, com uns questionamentos e uma coisa de desilusão pesada desde o início até o final da música.

- Tides: já falei ali em cima dos vocais puros no início da música e o quão emocional e delicado isso fica. O tema dessa não é muito diferente dos outros (mais uma vez eles se questionam sobre a veracidade do amor do outro), mas tem um ritmo mais envolvente e fácil de cantar junto.  O final me lembrou um pouco de Intro e um pouco de Stars, mas como se fosse uma versão repaginada das músicas, com uma batida crescente.  

- Unfold: outra pro time das superdepressivas, onde, de novo, os vocais têm um tom de lamúria e de tristeza velada. O tema aqui também é o mesmo recorrente em outras anteriores, com a incerteza sobre o amor e a indiferença do outro, mas eles ainda estão dispostos a tentar validar esse sentimento. O verso essencial pra música é "take the good and leave the rest", o que resume a ideia principal da faixa inteira.

- Swept Away: um piano com a voz dela se declarando fazem dessa uma das músicas mais mimimi do álbum e, apesar do ritmo, uma das mais "felizes", onde eles não se lembram das ruínas do relacionamento e só sabem se declarar e exaltar os momentos felizes, mesmo que eles durem pouco. É a mais “animadinha” do álbum, apesar de nem se comparar a qualquer “animadinha” do XX.

- Our Song: enquanto Chained pode ser a alma do álbum, essa pode ser o final da história da CD. É como se eles dissessem: nós temos todos esses problemas, todas essas
inseguranças e essas diferenças, mas mesmo assim é melhor ficarmos juntos do que separados. Frases como "there's no one else that knows me like you do" e "all i have i will give to you" são entonadas com um carinho e uma paixão que são difíceis de ignorar na música. Numa entrevista recente ao Pitchfork, eles admitiram que a música é como se fosse um diálogo entre os membros da banda. Amor ou amor?

Aqui tem um vídeo que eles fizeram no quarto de hotel deles em Tokyo, pra Angels. Dá o play e me diz o que achou do vídeo e do álbum:



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